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Para Ministério Público Estadual, após abordagem truculenta Geovane foi levado para à sede da Rondesp no Lobato e decapitado de joelhos. Apesar da denúncia os policiais envolvidos no caso permanecem soltos  

 

 

 

O jovem de 22 anos, Geovane Mascarenhas de Santana, foi morto na sede da Rondesp (Rondas Especiais), unidade da Polícia Militar, no bairro do Lobato. A denúncia é do Ministério Público Estadual (MPE) e foi apresentada à 1ª Vara do Tribunal Júri de acordo com informações publicadas no Jornal Correio.  

 

De acordo com a denúncia Geovane foi decapitado de joelhos após ter sido colocado numa viatura da Rondesp e ter sido levado para o local sem ter praticado qualquer delito que justificasse sua detenção.

 

O crime foi cometido no dia 2 de agosto, e apurado após divulgação de imagens da abordagem policial em que Geovane é colocado dentro de uma viatura da Rondesp (ver vídeo).

 

No dia 11 deste mês a promotora de justiça, Isabel Adelaide Moura, denunciou com base no inquérito policial do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), 11 policiais da Rondesp Baía de Todos-os-Santos:  o subtenente Cláudio Bonfim Borges; os sargentos Gilson Santos Dias e Daniel Pereira de Souza Santos; e os soldados Jesimiel da Silva Rezende, Jailson Gomes Oliveira, Cláudio César Souza Nobre, Fábio Nobre Lima Masavit Cardozo, Jocenilton Santos Ferreira, Roberto Santos de Oliveira, Alan Moraes Galiza dos Santos e Alex Santos Caetano.

 

Os policiais foram denunciados por sequestro, roubo (a moto e o celular de Geovane não foram localizados) e homicídio qualificado (por motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima). Seis deles (Cláudio, Jesimiel, Roberto, Alan, Daniel e Alex) foram denunciados também por ocultação de cadáver. 

 

No entanto a promotora Isabel Adelaide não pediu a prisão de nenhum dos policiais envolvidos, e ainda excluiu da denúncia os crimes de tortura e formação de quadrilha, que constavam no inquérito policial que investigou o caso.

 

“No momento não existe motivos para pedir a prisão deles. Primeiro, porque o fato se deu em agosto, então não posso dizer que existe um clamor popular. São pessoas que têm profissão definida e endereço certo e, até então, não existe nenhum motivo que justifique ultrapassar o direito que eles têm de responder ao processo em liberdade”, declarou a promotora durante coletiva ontem (17) no Ministério Público Estadual, no CAB.

 

Presente também na coletiva, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Anselmo Brandão,  disse que todos os policiais foram afastados do serviço ostensivo para atuar em atividades administrativas e irão responder a processo disciplinar.

 

A ação agora será julgada pelo 1º Juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri.

 

MPE DIZ QUE GEOVANE FOI EXECUTADO PELA RONDESP

Relembre 

 

No dia 2 de agosto de 2014, às 16h58, Geovane foi abordado de forma violenta pela Rondesp quando pilotava sua moto, na Rua Nilo Peçanha, na Calçada.

 

A guarnição era integrada pelo subtenente Claudio Bonfim Borges, e os soldados Jesimiel e Jailson (os três já ficaram dois meses em prisão temporária pelo crime, entre 15 de agosto e 12 de outubro). Geovane foi levado pela viatura de número 2.2211, juntamente com a moto, para a Rua Luiz Maria, nas imediações do Atacadão Recôncavo, quando foi apresentado a uma mulher  que alegou ter sido vítima de roubo. Ela, porém, não reconheceu o jovem.

 

Às 17h21, chegou ao local à segunda viatura, de número 2.2203, com o sargento Gilson e os soldados Claudio, Fabio e Jocenilton. As viaturas permaneceram juntas até às 17h25 e depois seguiram para a sede da Rondesp, no Lobato.

Geovane Foto: Correio

Geovane foi, então, executado dentro das dependências da Rondesp. Às 21h, Cláudio e Jesimiel deixam a sede da unidade junto com o sargento Daniel e os soldados Roberto, Alan e Alex. O grupo sai dividido em duas viaturas, 2.2204 e R-10, até a Travessa São Rafael, Rua das Casinhas, próximo ao Parque São Bartolomeu, onde abandonaram o corpo mutilado, para em seguida atearem fogo, “na tentativa de ocultar o cadáver”.

 

A denúncia acrescenta que “o corpo da vítima foi localizado no dia seguinte, numa casa abandonada, e a motocicleta deste, juntamente com o aparelho celular que carregava, foram subtraídos pelos acusados”.

 

Geovane foi decapitado

 

No entendimento do MP, os acusados impossibilitaram qualquer ação defensiva da vítima , “sendo ela surpreendida, sem nenhuma justificativa legal, presa, e mantida sob a guarda dos denunciados quando então foi subjugada, e morta, com a ressalva de que, de acordo com a perícia, foi ela decapitada”.

 

Ainda segundo o MPE, Geovane teve decepadas as mãos e a genitália. Os denunciados extraíram do corpo partes das tatuagens com o objetivo de dificultar a identificação.

 

GPS permitiu desvendar o caso


De acordo com a investigação os policiais desligaram o GPS da viatura 2.2211 e cortaram a fiação da câmera instalada no carro, o que demonstrou que os acusados “já com o objetivo de agir ilicitamente, tentaram inviabilizar eventual controle de suas ações”. Por fim, eles ainda elaboraram um relatório de serviço descrevendo que naquele dia haviam feito rotas e rondas em locais “absolutamente diversos” do real.

 

Entretanto o GPS, mesmo desligado, emitiu sinais a uma central em outro estado e o radiocomunicador portátil (HT) também registrou a localização. Além disso, as localizações das viaturas 2.2204 e R-10 foram  emitidas pelos seus rádios fixos.

 

Possível motivação  
 

A denúncia não deixa clara a motivação do crime. Fala apenas em motivação “torpe, considerando que agiram os acusados em comunhão de ação e desígnios, em uso de autoridade conferida pelo Estado, para sequestrar e matar quem por eles eleito deveria morrer”.

 

O documento revela ainda que  o soldado Jesimiel conhecia Geovane e que o identificou na abordagem inicial, na Rua Nilo Peçanha — já que ele estava sem capacete — e que a ex-companheira de Geovane é prima “carnal” da esposa de Jesimiel havendo relatos de que havia uma antipatia do policial com a ex de Geovane.

 

 

Com informações do JORNAL CORREIO

 

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