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Ufa!

Editorial  Março  de 2014

 

 

Fechamos a primeira edição da Afirmativa. Correria intensa é produzir uma revista, sem dinheiro então... A gente faz das tripas coração, e não atoa que jornalista rima com malabarista. Quando começamos a pensar no projeto, uma inquietação guiou o trabalho: os cotistas não conhecem o processo de luta pelas Cotas. A partir disso, o periódico pretendia contar a história das políticas afirmativas no Brasil. Os episódios desse processo, seus personagens, as dificuldades e as vitórias.

 

 

As cotas raciais nas universidades públicas brasileiras são uma realidade legitimada, pela mídia, pela sociedade civil, pelos partidos políticos de quase todas as linhas ideológicas, mas nem sempre foi assim, a luta durou décadas, não foi amistosa, e o movimento social negro foi o grande protagonista dessa história.

 

 

Você leitor preto, pobre, periférico, cotista, que hoje agrega valor nas redes sociais com sua “fotinha” e a legenda “Ih foi mal, a minha é federal” precisa saber e difundir a ideia que sua vaga não foi presente do governo A, B ou C. Muitas pessoas deram a vida para que você, eu e toda equipe técnica dessa revista pudesse ao fim do curso ver “mainha” chorando, segurando um canudo que ela nunca pensou em segurar.

 

 

A fim de mostrar o quão desumana foi a escravidão africana, nessa edição trouxemos a história de Esperança, só mais uma adolescente negra brutalmente assassinada por sua “sinhá”. Outro episódio interessante que contamos aqui é o processo pioneiro de implantação das cotas na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Falamos também sobre a importante participação dos núcleos negros estudantis na pauta do debate racial na academia. Como não poderia faltar, um repórter que “além de preto, é viado” trata sobre a crueldade da homofobia no Brasil. A matéria de capa vem quente, e se engana quem acha que a luta acabou, o debate sobre Cotas nas Pós-Graduações se faz urgente.

 

 

Opanijé, uma banda de Rap baiana, sabiamente versou: “Cotas é só o começo, eles nos devem até a alma”. É por aí. E se você que não tem muita identificação com a cultura Hip Hop. Calma! Não seja tão literal. O verso sintetiza a dívida histórica do estado brasileiro às populações negras e indígenas, e nenhuma política de reparação será o bastante para corrigir a história fúnebre que o Brasil carrega... Mas para frente é que se anda! O reconhecimento das mazelas orquestradas aos povos não brancos nestas terras já é um início para se pensar uma sociedade brasileira realmente justa e democrática para todos. Agora você fica a vontade, a Afirmativa somos nós, falando de nós, para todo mundo.

 

SOMOS NÓS, FALANDO DE NÓS, PARA TODO MUNDO.

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